quarta-feira, 11 de março de 2009

O caso da menina de 9 anos grávida de Gêmeos da Alagoinha

Quando lemos as sagradas escrituras e verificamos a sagacidade do povo em condenar Jesus a morte, não entendemos como os mesmos homens e mulheres que gritavam: “Hosana ao Filho de Davi” puderam dias depois gritar: “Crucifica-o”. Parece um absurdo, um paradoxo.
Nos últimos dias tive a impressão de estar vendo a mesmas cenas, mas com personagens diferentes. Como os católicos são influenciados por um mídia que cultua a morte. Como apresentadores esbravejam palavras de ordem contra a igreja chamando-a de retrógrada e machista em seus programas que se auto-intitulam fazedores de Justiça. Os mesmo formadores de opinião que dizem estar emocionados quando Bento XVI estive em terras brasileiras, os mesmos que viajam até Fátima em Portugal santuário Mariana para pagar suas promessas por graças e curas recebidas. Quem dera se esta voracidade em caluniar e difamar fosse exercida para defender e compreender. Num momento de extrema angústia e comoção nacional, num momento em que a fragilidade de uma sociedade que está perdendo seus valores está exposta, homens e mulheres se aproveitam dos fatos lamentáveis como os acontecidos na cidade de Alagoinha em Pernambuco para disseminar uma cultura pró-aborto.
Levados pela mídia que nem se quer tenta compreender o papel da Igreja e que injeta nos corações de várias pessoas influenciáveis e sem opinião própria aquilo que elas devem pensar e de que modo devem agir, as pessoas optam sempre pelo mais fácil e por aquilo que nos traz menos problemas. É a cultura do descartável. A Igreja se manifesta:
“Não posso acreditar que os direitos humanos sejam só para um lado, assim como não sei como cristãos conseguem defender o assassinato de inocentes. É realmente interessante o fato e o destaque que foi dado! Mesmo considerando que para Igreja, segundo o Direito Canônico, o fato da morte de um inocente indefeso é um ato que tira da comunhão eclesial a pessoa que o pratica, porém depende também da liberdade de consciência com que a pessoa está ao fazê-lo. Quando uma pessoa que, tendo seus desequilíbrios emocionais, é capaz de usar sexualmente e brutalmente de uma criança a sociedade deveria se perguntar: “porque chegamos a isso?” Do modo que coisas se movem no mundo, é bem capaz que o que hoje é crime amanhã seja virtude, como já aconteceu em muitas outras situações – veja-se nesse caso toda a campanha pró-aborto.”
Esta é uma carta escrita por Dom Orani João Tempesta, novo arcebispo do Rio de Janeiro descreve bem como a indignação igreja do Brasil. O mesmo sentimento atingiu o coração de Dom Antonio Carlos Rossi Keller, no Rio Grande do Sul ao escrever uma Nota Pastoral, recomendando que esta seja lida nas missa dos dias 14 e 15 de março:
“Para a Igreja, o aborto voluntário, diretamente provocado, é sempre gravemente ilícito. O cânon 1398, que prevê a pena de excomunhão “latae sententiae” (ou seja, sem necessidade da intervenção da autoridade judicial da igreja, pelo próprio fato de se ter cometido o delito com plena responsabilidade) não faz nenhuma exceção quanto aos motivos do aborto. A pena de excomunhão atinge a todos os que, conscientemente, intervêm no processo abortivo, quer com a cooperação material (médico, enfermeira, etc.), quer com a cooperação moral verdadeiramente eficaz: pais e todos aqueles que forçam a concretização do crime. No caso específico de Alagoinhas (PE), a menor grávida não tem nenhum tipo de responsabilidade, por incapacidade de decisão e pelo que agora se entende, segundo o testemunho do pároco do lugar, também os pais da menor foram fortemente pressionados, e até mesmo enganados a respeito da gravidade do estado de saúde da menor, por alguns funcionários da estrutura pública onde foi realizado o aborto. Portanto, quase que certamente os pais da menor não incorreram em tal pena, já que foram pressionados psicologicamente a autorizar tal ato.
O Exmo. Sr. Arcebispo de Olinda e Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, OC não excomungou ninguém. Tão simplesmente recordou aquilo que é o ensinamento tradicional da Igreja nestes casos, ou seja, aquilo que já foi explicado no item anterior: todos aqueles que atuam, de forma voluntária e consciente no crime do aborto, estão fora da comunhão da Igreja.
Sua Excia. Revma. também explicou o sentido da pena de excomunhão, que é a privação dos bens espirituais e a limitação do exercício dos direitos como católicos. A pena existe para que se entenda a gravidade do mal cometido, e para que quem a comete possa refletir e pedir perdão a Deus pelo mal realizado, bem como para punir também o escândalo produzido pela atitude errada. A finalidade da pena é, portanto, a de um remédio espiritual.
O que de fato causa espécie em toda esta polêmica é a atitude daqueles que defendem o aborto, que exigem todo o direito de expressar suas opiniões e conceitos, mas não aceitam que a Igreja, fundamentada na Doutrina de Cristo e de Seu Evangelho, possa exercer também o mesmo direito. Esta é a liberdade de expressão que predomina em muitos destes grupos de pressão.”
Fica aqui minha indignação em relação a este doloroso caso. Como já não bastasse a uma criança ser molestada sexualmente por aquele que a deveria proteger, agora sem entender absolutamente nada do que está acontecendo (as “autoridades” disseram a menina que ela tinha vermes) também é vítima de outra violência. Violência esta, silenciosa, que muitos querem ver não mais como uma contravenção, pelo simples fato de que sua execução já é largamente difundida pelo país, mesmo que ilegal. Deveríamos legalizar o homicídio também pois ele acontece todos os dias em todas as cidades. A única diferença é que não mais na surdina e sim aos olhos de todos.
Que os gêmeos que agora estão no céu intercedam por nós, gênero humano, e por nossa insanidade.